terça-feira, 4 de janeiro de 2011

e-book e a indústria gráfica

A indústria gráfica está prestes a sofrer um novo golpe. Recentemente os desafortunados foram as gráficas especializadas em formulários, sabemos que algumas conseguiram se adaptar, muitas fecharam e outras tantas estão no momento, agonizado. Já dizia o profº Marins: A única certeza estável é que tudo irá mudar.

Neste momento forma-se uma pequena nuvem sobre a indústria gráfica editorial, aquela especializada na produção de livros, revistas, periódicos. Muito se tem falado sobre "e-book´s" pouco de fato está sendo revelado.

A verdade é que uma vez digitalizado, não existe possibilidade alguma de impedir a pirataria e a livre distribuição de arquivos.

Queira a CBL/SNEL e todos os editores que estão indo pelo caminho do e-book queiram ou não. A verdade é que toda indústria editorial está a beira de uma MUDANÇA completa. Ou seja, não apenas as gráficas terão que se adaptar como também as editoras, editores e autores que vivem de escrever suas obras.

Pensando por esse lado, a tecnologia digital "on-demand", que hoje é apontada como muitos especialistas como a solução para os livros de baixa tiragem NASCEU MORTA ! - (para fazer livros) -  Ou seja, o e-book pode substituir as impressões digitais de pequenas tiragens com vantagens, muito mais rápido do que as tiragens grandes e médias, produzidas pelo bom e velho processo offset.

Vamos aos fatos reveladores.

a) Nenhum tablet ou leitor de livros digitais, impede que o arquivo seja copiado.

b) uma vez digitalizado um livro pode ser enviado por e-mail ou compartilhado no "4shared" livremente

c) Nenhum tablet ou leitor de livros digitais verifica a autenticidade do arquivo, se "pirata" ou não.

d) uma vez comprado um livro e baixado em um hardware qualquer, por um leitor (cliente), essa pessoa pode fazer os passos de: a) até c) e o ciclo se repete "n" vezes, com incrível facilidade.

Ou seja, dos fatos: Toda cadeia deixa de arrecadar.

Como portanto os editores pretendem manter seu negócio sendo viável ?

Eliminando um parceiro de mais de 400 anos por um sistema digital ? Caros editores, não se iludam....

Não existe nada de diferente entre uma música no formato MP3 e um Livro em qualquer formato digital existente até presente data.

É surpreendente a variedade de e-book´s disponíveis no site da livraria saraiva, http://www.saraiva.com.br/ de onde pode-se comprar e baixar o livro comprado e depois redistribuir livremente, com incrível facilidade, fazendo os passos a) b) e c), acima descritos.

Faço muitas reflexões, mas como disse meu querido Fernando Henrique Cardoso, faço minhas aquelas palavras sábias palavras, proferidas no GNT (Manhattan Connection, revista VEJA, pg 53 edição 2198): "eu sou curto de inteligência, às vezes eu não consigo." de fato eu não consigo ver onde a livraria saraiva irá manter-se senão vendendo televisores e eletrodomésticos, porque livros....

Resta-nos contar com a sorte, de que a indústria eletrônica não consiga superar a sensação e as atuais vantagens da leitura em um livro tradicional, feito de papel e tinta offset !

Não sou contra as mudanças, elas são inevitáveis.

Também não sou contra a universalização do conhecimento, afinal domínio público serve para isso, e sinceramente não sei se hoje existem melhores obras do que aquelas que estão em domínio público, mas muitas pessoas trabalham e suam a camisa, para ver seu trabalho sendo valorizado, especialmente na área de ciência, tecnologia e direito, onde o trabalho de fazer o conhecímento é oneroso.

Os bons artistas encontraram formas de substituir parte de suas rendas com a venda de discos através dos shows, mas a indústria fonográfica nunca mais será a mesma depois do MP3.

Admiro o trabalho do colega Alessandro Martins (http://livroseafins.com/) e da editora Plus (http://editoraplus.org/), mas não consigo ver como Paulo Coelho ou então  Stephenie Meyer irão manter seu padrão de renda após o e-book, Ipad, e qualquer outro tablet. Imagine então um autor "comum".

Quem conseguir, que durma com um barulho desses....