domingo, 2 de maio de 2010

COMUNICAÇÃO: A VILÃ DAS ORGANIZAÇÕES

Por acaso é possível sobreviver sem se comunicar ? Aparentemente nunca foi possível.

Portanto estamos diante a um contra-senso. Comunicar-se não é apenas falar ou escrever, é preciso que as pessoas recebam a mensagem e possam decifrá-la. Assim, a comunicação se torna uma ciência.

O homem se comunica desde o "tempo das cavernas", mas hoje, os arqueólogos apenas interpretam suas mensagens, existe muita controvérsia acerca da comunicação do homem pré-histórico. São portanto informações divergentes, deixadas por nossos antepassados de presente para nossos arqueólogos.



O triste é que muitas organizações continuam insistindo em comunicar-se de forma divergente.

Em uma organização existem vários níveis de "Não Conformidade". Algumas são simples, outras são resolvidas com pouco investimento, mas algumas são difíceis de serem administradas e praticamente impossível de ser erradicada. Estamos falando da "divergência de informação".

A informação caminha junto ao produto/serviço, por todos os processos que vão interferir no resultado final do trabalho. Algumas empresas se especializam em um determinado produto, variando-se muito pouco em sua forma e opcionais o que evita que informações complementares sejam necessárias.

Essa porém não é a realidade da Indústria Gráfica. Ainda que algumas gráficas possam ser especialistas em determinados tipos de impressos, ainda que sejam altamente segmentadas, as gráficas sempre terão que administrar sua produção por "projetos", ou seja, cada ordem de produção representa um projeto único, quando muito uma reimpressão.

Entretanto esse projeto não caminha sozinho dentro da fábrica, em cada núcleo de produção podemos estar realizando tarefas de diferentes projetos. Assim, um dos principais fatores de uma "não-conformidade", está na forma de como a comunicação ocorre entre os processos.

Tudo começa no processo comercial, onde são especificados os requisitos do cliente, isso abrange informações quanto ao produto, quanto a forma de entrega, prazo de entrega, forma de pagamento, enfim, o máximo de informação sobre o projeto deve ser registrado e transmitido aos demais processos, sem percas, ruídos ou dúvidas.

Após a coleta dos requisitos pelo processo comercial, a informação segue por uma verdadeira maratona, passando pelos orçamentistas, pela pré-impressão, retornando ao cliente para aprovação, voltando para ser produzido, finalizado e por fim, ao processo de expedição e faturamento.

Não pode haver um sistema de "telefone sem fio" onde parte da informação e parte dos requisitos vão se perdendo em meio aos processos, nem mesmo pode haver alterações no projeto, por conta de informações incompletas. Entretanto a pior de todas as falhas é a “informação divergente”.

A informação divergente, atrasa a produção, gera dúvidas, causa danos ao produto e invariavelmente se torna um retrabalho. Muitos gráficos, fazem formulários impressos a pedido de seus clientes, porém, esquecem-se que a burocracia é fundamental para o funcionamento de qualquer organização, inclusive a sua.
Sem uma maneira sistematizada e enraizada na cultura organizacional, como fazer para que não haja informações divergentes ou incompletas sobre um projeto em produção ?

A organização deve, conforme sua necessidade e particularidade assegurar que as informações coletadas no contato com o cliente, junto ao processo comercial, possam acompanhar todos os processos e chegar de maneira quase imaculável ao momento do faturamento e expedição.

Mas o comum é encontrarmos supervisores e gerentes de produção quase sempre estressados já na segunda-feira, pois muitos colaboradores estão com dúvidas do que deve ser feito e como deve ser feito. Na maioria das empresas gráficas, quem sabe é o "vendedor", que não marcou a informação como deveria, então estaremos diante a uma encruzilhada:
         - Ou paramos todo processo, e sabemos que tempo é dinheiro, ou continuamos o processo e corremos o risco de um retrabalho.

Bom, na dúvida melhor não fazer... e o prazo de entrega?
O prazo de entrega já era.... simples assim

O mal maior das organizações não está no treinamento ou qualificação de seus colaboradores, nem nos equipamentos que muitas vezes são inadequados, mas na comunicação entre os processos.

A organização que não compreender que a comunicação interna é a chave da eficiência e eficácia, vai continuar a preencher seus formulários de registro de não conformidade, gerando retrabalho e desperdício. Bons formulários não não burocracia "burra", são a única alternativa para que os processos possam atender aos requisitos do cliente. Não importa se os formulários são em papel ou preenchidos on-line.

A não centralização das informações e a padronização da comunicação é uma importante ferramenta para a gestão focada no resultado. É uma ferramenta importante para manutenção do humor de equipes e seus supervisores, facilitando a execução de um trabalho limpo, isento de erros e dentro do prazo.

Nesses tempos de "msn" os jovens estão esquecendo como se escreve o bom português. Não podemos fazer o mesmo com os requisitos do cliente e correr o risco de prejudicar nossa organização.





Uma boa comunicação e boa sorte !



Figura 1: Pintura rupestre
Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí.
Fonte: www.deltadoparnaiba.com.br/s_capivara.jpg.jpg

Figura 2: network server 1
Svilen Milev
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1139313

terça-feira, 2 de março de 2010

DE FATO OU DE DIREITO ?



Gostaria de pedir licença aos consultores e auditores de sistemas de gestão da qualidade, para falar francamente. Tenho tido a oportunidade de conhecer empresas e conhecer pessoas que atuam em diversas áreas.

Aprendi que existem dois tipos de sistema de gestão - ISO9001. O sistema de gestão de fato, implementado, onde todos os colaboradores são envolvidos e sabem que o essencial é manter os clientes satisfeitos, e o sistema de gestão apenas de direito, aquele que a empresa ostenta o certificado, mas a organização não está alinhada com a filosofia de melhoria contínua.
Analisando esses dois tipos de ISO 9001, sabemos que o sistema de gestão apenas de direito, não deveria existir se todos os auditores e consultores, realmente aplicassem à risca todos os requisitos da norma ISO9001 e na norma ISO 19011 (diretrizes para auditoria).

Essas certificações de direito são "anomalias" da gestão. Para todos os efeitos, toda empresa certificada ISO 9001, deveria ter um sistema de fato, para então buscar o direito de ostentar a certificação. Mas como o Brasil é o "velho" país do jeitinho, dá se um jeito, alguém paga e o papel é emitido.
Novamente peço desculpas pela forma direta de abordar o problema, mas é assim que as coisas são, ou como diria Nélson Rodrigues: A Vida como ela é !

Mas nem tudo está perdido. Muitas empresas simplesmente ignoram que estão no país do jeitinho e levam a sério um sistema de gestão que trás benefícios e lucro para organização. O que será mais importante ? um certificado ou uma empresa saudável ?

Acredito que existam ainda, muitas empresas com um sistema de gestão de fato, superior à muitos sistemas certificados, onde os gestores, diretores são chamados de "donos" e sabem muitos detalhes sobre seus clientes, chamados de "fregueses" e esses, nunca tiveram acesso á norma ou fizeram sequer um curso sobre o assunto.

A verdadeira diferença entre um sistema de gestão de fato e um sistema de gestão de direito está no envolvimento dos "donos" das empresas.

Sem esse envolvimento não existe sistema de gestão que possa ter melhoria contínua. É verdade que muitos gerentes e colaboradores possuem uma enorme intenção e boa vontade para fazer as coisas certas e fazer o sistema funcionar, mas essa energia vai se exaurindo, conforme o tempo passa e o diretor não reconhece o valor das mudanças ou então não dá sustentação e apoio para a continuidade do sistema de gestão.

Um verdadeiro sistema de gestão é um organismo "vivo", precisa de atenção, necessita de ações corretivas, ações preventivas e isso implica em mudanças. Mudanças, que a maioria das pessoas quer evitar, pois incomoda. Normalmente tira as pessoas da "zona de conforto" , também é comum que ações necessitem de algum tipo de investimento, portanto não havendo autoridade suficiente, não haverá mudança que perdure.

Não estamos comentando "apenas" do segmento gráfico. Como os consultores gostam de dizer, o caso é sistêmico. Está enraizado. O papel, por si só (certificado) é apenas um quadro bonitinho na parede e em geral utilizado nas campanhas de marketing das empresas que o possuem.

Quando as empresas perceberem o que um sistema de gestão, ISO 9001, pode fazer, deixarão de existir clientes pouco satisfeitos e é isso que importa. O resumo de tudo é manter o cliente satisfeito, porque o cliente é e será sempre, a razão da existência de uma empresa.

Agora cá entre nós.... a receita para tudo isso dar certo é velha, tome nota: "O olho do dono é que engorda a Boiada" é ou não é ?

O que isso tem haver com ISO9001 e SGQ ? Tudo !



Imagem 1: http://www.iso.org/iso/home.html
Imagem 2: http://www.sxc.hu/photo/1232031

domingo, 7 de fevereiro de 2010

VENDER É COMPRAR !

Como são feitos os orçamentos ? Como determinar o preço de venda ? Temos grandes consultores que insistem muito nesse tema. Não por falta de assunto, mas pela mania do empresário em não ouvi-los. Dessa forma, peço licença a esses colegas que sempre estiveram nessa luta inglória para tentar auxiliar na didática.

Em um comércio, há compras e vendas, em uma empresa prestadora de serviços, nem isso. Mas na gráfica ? Ah, na gráfica tem comércio, serviço e industrialização, tudo junto. Talvez por isso a dificuldade que muitos tem em formar seus preços de venda dentro de um padrão razoável.

Penso entretanto que nenhum empresário tem como objetivo o prejuízo. Pensando assim, fica muito fácil vender com um pouco de lucro. A cada Venda (ordem de produção) é disparada uma sequência de compras. Veja o exemplo de uma lista de compras, para realizar a produção de um livro: papel, chapa, tinta (matéria prima), editoração arte-final, pré-impressão, impressão, dobra, alceamento, costura, montagem da capa, guilhotina (processos de transformação), impostos, frete para entrega, comissões (custo direto de venda) após, somar tudo isso, precisamos vender por valor um pouco maior, a diferença é o lucro.

Assim, o empresário tem uma missão aparentemente simples. Vender por um valor maior do que se compra ! Mas para que o conceito funcione, devemos estendê-lo aos itens disponíveis em estoque e aos processos de transformação. A compra não ocorre somente externamente. A principal compra ocorre dentro da nossa empresa. Retirar uma lata de tinta do estoque também é uma compra, bem como pagar o salário do operador da guilhotina. Você deve comprar "bem comprado". Isso não quer dizer pagar sempre menos ou comprar o mais barato, mas ter a melhor relação entre "custo x benefício".

Se o custo hora de uma "dobradeira" são R$ 50,00 então porque vendê-la à R$ 40,00 ? Seria o mesmo que comprar um sapato por R$ 50,00 e vendê-lo em uma loja por R$ 40,00. Perdeu-se R$ 10,00. O conceito de que cada venda, é uma compra, é similar ao comércio simples. Todos sabemos que vender por menos do que nos custa é prejuízo.

Então como sugestão reveja os custos, sempre antes de realizar seus orçamentos, qual o valor para comprar todos os insumos e  processos pelo qual o produto será realizado ? Some tudo (sem esquecer-se de nada) e acrescente uma diferença justa. pronto ! é assim que se faz um belo orçamento.

Uma outra dica aos orçamentistas. Antes de realizar seu próximo orçamento, vá para dentro da fábrica, soe a camisa no calor, saia do ar condicionado de sua sala, fique junto às máquinas, converse com os supervisores, operadores, impressores, pessoal da expedição, enfim... viva os processos, entenda como são feitos os "impressos", confirme as produtividades. Orçamentista de sistema, não é orçamentista é "preenchedor" de campos de sistema. Não sabe fazer orçamentos.

Um bom orçamento nasce de uma boa "historinha", orçamentistas devem ser contadores de história por excelência. Deve-se contar ao "sistema" ou mesmo para a folha de calculo, como exatamente o produto será realizado. Não se deve deixar nenhum detalhe, por mais simples que seja.

Se você não for um bom contador de histórias ou então não souber comprar e vender com um pequeno lucro, como os bons comerciantes.... desista de fazer orçamentos ! escolha uma outra profissão.

Para fechar: Se você não sabe quanto custa, cada um de seus processos de transformação, procure ajuda urgente. Compre por menos do que se vende e seja feliz !

Figura 1 e 2: http://www.sxc.hu/

domingo, 24 de janeiro de 2010

TERCEIRIZAÇÃO CONSCIENTE.






A terceirização faz parte da cultura do segmento gráfico e de muitos outros setores. Entretanto essa rotina deve ser observada com cuidado, principalmente por empresas que ostentam a certificação ISO 9001, mais ainda na versão 2008. A terceirização é um processo externo que afeta a qualidade do produto de forma direta, e portanto deve ser controlada. O controle sobre a terceirização deve incluir métodos para monitoramento, inspeção e medições que assegurem que os resultados planejados sejam atingidos.

No item 4.1 (generalidades), nota 2 e nota 3, está claro a importância da terceirização e o impacto que ela possui sobre o produto. Para essa conclusão, não é preciso norma. É uma obrigação do empresário entender sobre os riscos da terceirização.

Uma terceirização é também uma aquisição (item 7.4) e como tal deve obedecer aos critérios de seleção e qualificação de fornecedores, estabelecidos e mantidos pela organização, além de procedimentos para recebimento e verificação dos produtos e serviços adquiridos. Comprar um produto acabado pode ser simples. Comprar uma terceirização nem tanto.

É comum ouvir de um gráfico, reclamações por conta de prestadores de serviço terceirizados, e por vezes, estes utilizam desse artifício como desculpa ao cliente, seja pelo prazo de entrega que extrapolou, seja pela qualidade aquém da expectativa do cliente. E agora eu pergunto, o que o cliente tem haver com isso ?

O risco pela terceirização é da organização que optou por esse tipo de contratação, não do cliente (exceto quando o serviço terceiro foi declarado ou solicitado pelo cliente).

Normalmente existem dois motivos pelos quais as empresas terceirizam alguns processos.

Primeiro motivo: Pequena demanda por um determinado tipo de trabalho, faz com que a organização terceirize, pois o investimento necessário para verticalização poderia comprometer a "saúde" da empresa.

Aqui o problema é muito sério. Uma vez que a organização não possui demanda, isso pode significar que a mesma não domina completamente as etapas que antecedem a terceirização e suas implicações. O produto final de uma gráfica é uma soma de processos, cada processo interfere de maneira direta na qualidade do produto. Uma bela impressão pode ser "destruída" ao ser concedida a um terceiro. Entretanto diria que a maior parte da culpa está nas gráficas e não nos terceiros.

Quantas vezes as gráficas aceitam produzir aquilo que não dominam, pois estão necessitando vender, devido às "metas" e com isso, acreditam que terceirizando parte dos processos podem fazer de "tudo", todo tipo de trabalho. Escrevo com total tranquilidade, não podem ! O serviço terceirizado é uma extensão da gráfica e como tal não é um centro de operações de salvamento e milagres.

Muitos gráficos estão acostumados a imprimir e cortar o papel, mas não tem e mínima ideia de como são feitos alguns tipos de acabamento. Então imprimem da forma que acham que está correta e enviam o trabalho ao "acabamento terceirizado", este por sua vez, verifica o material somente quando o mesmo já está em alguma máquina.

São tantos os problemas, que nem vamos comentar, pois a lista seria enorme.

Segundo motivo: Realizar terceirização quando os processos internos estão ocupados ou quando o trabalho supera a capacidade da organização em realizá-lo. Essa terceirização é a mais saudável, menos suscetível à erros. Uma vez que a organização domina os detalhes dos trabalhos que contratou. Aqui sim, a maior parte dos erros vêm mesmo do terceiro.

Não importa qual foi o motivo que levou a organização optar pela terceirização, a mesma deve criar maneiras de acompanhar quando possível, mas acima de tudo planejar corretamente os trabalhos é fundamental.

O planejamento não deve ser realizado somente dentro das paredes da organização. O planejamento do produto deve ser macro, deve prever todas as etapas internas e externas, considerar corretamente os tempos necessários e conhecer as particularidades envolvidas para que o produto seja entregue da melhor forma ao terceiro e que este possa interferir positivamente, contribuindo para um cliente satisfeito.

A mensagem é simples, mas a execução nem tanto.

a) Certifique-se que a organização tem condições de executar o planejamento completo do produto, incluindo os processos terceirizados, antes de aceitar o pedido. Se houver alguma dúvida, seja transparente com o cliente. (item 7.5.1)

b) Certifique-se que o fornecedor é qualificado e possui condições técnicas de realizar o trabalho, conforme o planejado, discuta com o seu fornecedor sobre os aspectos do produto e seu planejamento. Entregar o produto ao cliente, sem a verificação por sua parte, é um erro. Não use o prazo como desculpa, se o tempo não foi suficiente, foi erro de planejamento. Não cometa dois erros.

c) Não tente transferir o "problema". Enviando um problema, você recebe um problema ainda maior, não uma solução. Não conheço nenhum caso de transferência de problema, com recebimento de solução. Normalmente o terceiro não consegue consertar os erros de processos anteriores.

d) A organização que aceita o pedido é a responsável, até a entrega do produto. O risco da terceirização é da organização, avalie todo trabalho que envolva terceirização com muita calma, antes de aceitá-lo.

A norma  ISO 9001 é acima de tudo um manual de boas práticas. Ela foi planejada para ajudar a organização, facilitar os trabalhos e organizar os processos. Não deixe para trás nenhum requisito desse excelente “manual”, compreender os benefícios de um sistema de gestão da qualidade, inclui pensar no processo de terceirização como se estivesse dentro da organização.

Boa sorte...





sábado, 16 de janeiro de 2010

PORQUE AS CORES SÃO DIFERENTES ?

Porque as cores mudam?

Todo estudo sobre cores e seu comportamento para impressão offset, é feito sob condições ideais, as quais não são encontradas normalmente nas gráficas. Nesse contexto, vamos enumerar alguns pontos e suas consequências para o impresso, procuramos palavras simples, com o objetivo de ajudar àqueles que não são necessariamente profissionais gráficos.

No processo de impressão plano (aquele que se faz com papéis cortados, folha à folha e não em bobinas), existem inúmeras variáveis que podem provocar distorções nas cores: tinta, papel, pressão de transferêcia, água, temperatura do ambiente, umidade, fadiga do operador, problemas mecânicos, ganho de ponto, etc.



A imagem representa o sistema de impressão off-set - (Fig.1)

1 - O rolo umectante umedece a matriz de alumínio e os rolos entintadores depositam a tinta somente na área de Grafismo da matriz.

2 - Através de contato e pressão,  a tinta e parte da umidade da matriz é transferida para a blanqueta ou cauchú que é uma lona revestida de borracha.

3 - O cauchu transfere a tinta e umidade para o substrato (que pode ser papel ou outro material) através de pressão entre a borracha e o cilindro de impressão. Tinta e umidade são depositados no papel. A imagem é formada por pontos, chamados de retícula.

PRIMEIRO MITO: Prova de Prelo representa fielmente as cores que serão impressas.

SEGUNDO MITO: Prova digital não representa corretamente as cores.

TERCEIRO MITO: A tabela PANTONE© é absoluta !

EIS ALGUMAS VARIÁVEIS QUE AFETAM AS CORES:

Variável -  Papel - utilizado para impressão e prova.

Imagine que a prova de prelo ou prova digital, foi feita em um determinado tipo de papel.

A impressão do trabalho provavelmente será feita com outro lote. Ainda que seja o mesmo fabricante, ou classificação (offset, couché, triplex, duplex), esses papéis poderão apresentar diferenças de tonalidade e brilho, o que altera o resultado das cores, pois o papel é o “BRANCO” do impresso e nele consiste a base de início das cores.

Imagine realizar a prova em um papel couché (branco) e a impressão em um papel polén (amarelado). O resultado será completamente diferente, o resultado das cores muda até mesmo entre um couché com brilho e um couché fosco. É muito comum encontrar papel cartão tipo triplex, de um mesmo fabricante e especificação com acentuada diferença de tonalidades, em lotes diferentes. Já encontramos papéis com tonalidades diferentes, dentro de um mesmo "pacote" lacrado na fábrica.

Portanto, uma prova fiel será obtida somente quando a prova, seja ela digital ou prelo, for efetuada com base no mesmo papel. Exatamente aquele que será usado para imprimir o trabalho.

Sabemos que o controle e a viabilidade sobre essa situação é muito difícil, tendo em vista que as máquinas digitais usam papéis especiais e não os mesmos que serão usados para produção.

Alguns fabricantes de papéis especiais para provas, conseguem normalizar sua produção, chamando o seu produto de “papel calibrado”. Mas, e quanto ao fabricante do papel que será usado para produção do impresso em off-set, ele possui esse controle ?

Já para a prova feita com o sistema de prelo tradicional, obtido através de fotolitos ou chapas, podemos usar o papel comum, o mesmo que será usando para a impressão, mas esse método está em desuso, pelo seu alto custo e pelo tempo investido para obtenção das provas.

Variável - Fator de correção, também conhecido por: Perfil ICC:

Através de softwares específicos e impressoras adequadas é feita uma “simulação” do resultado da impressão off-set. O resultado obtido, pode ser bem próximo ao resultado da impressão, mas não é exatamente igual, pois o fator de correção é uma simulação.

Essa simulação (esse perfil) utiliza dados de máquinas impressoras em sua situação IDEAL, ou seja, mecanicamente perfeitas, além disso, sob condições ideais de temperatura e umidade. Essa situação dificilmente é encontrada na sala de impressão, na situação real em que os trabalhos são realizados.

Cada máquina off-set produz um resultado. Ao microscópio, o resultado de cada máquina é individual, tal como, a biometria humana. Cada máquina produz um “ganho de ponto”, uma distorção da imagem e uma abertura do papel. Essas diferenças são imperceptíveis aos nossos olhos, porém, no trabalho final, após a impressão de todas as cores sobre o papel, podemos perceber facilmente nuances de cores e tons diferentes entre o mesmo impresso, realizados por máquinas e gráficas distintas.

Por isso é tão difícil à uma gráfica, “acompanhar” as cores já impressas por outra, em uma nova edição ou mesmo reimpressão. Nesse caso, foram alteradas as condições em que o trabalho foi realizado. Possivelmente pode ser alterado o modelo do equipamento, a marca da tinta, o lote do papel, entre outros.

Para alguns clientes, essas diferenças são confundidas como falta de qualidade ou defeito do produto, provocado pelas gráficas que "tentaram" reproduzir um trabalho, o que demonstramos não ser exatamente verdade.

Por mais moderna que seja uma gráfica, é um grande desafio acompanhar o trabalho feito por outra, com extrema exatidão. O processo off-set, não é uma ciência exata e normalmente não é exercida por “engenheiros”.

Dessa forma o perfil ICC genérico, mesmo fornecdido pelas melhores empresas, não se aplica com perfeição ao mundo real.

Variável - Tintas

Imagine que a impressora de provas (digital) possui tinta líquida, fabricada com pigmentos próprios e com dimensões específicas para aquele tipo de equipamento, em cada uma das cores. Uma impressora de prova assemelha-se com uma impressora Epson ou HP, daquelas jato de tinta, que temos em nossos escritórios.

Agora, imagine a tinta offset, pastosa, fabricada com outros tipos de pigmentos. São duas coisas muito diferentes !

Cada fabricante de tinta off-set possui seus fornecedores de matéria prima, com determinado tipo de moagem e determinadas especificações, para que sua tinta seja ligeiramente melhor ou ao menos, tenha um diferencial em relação aos demais fabricantes. Portanto, é de propósito que tintas sejam diferentes entre as marcas e fabricantes do mercado.

Sendo assim, as tintas não são exatamente iguais.

O CIANO do fabricante "X" é diferente do CIANO do fabricante "Y". E agora?

Existem fabricantes em que a mesma cor sofre pequenas distorções, em lotes diferentes. A “culpada” , segundo os fabricantes, é a matéria prima usada na fabricação das tintas.

Voltando a questão das tintas de impressoras, comparando com tintas para off-set. Como itens fisicamente e quimicamente tão diferentes, podem reproduzir cópias em idêntica cor ? Resposta: Não pode ! No máximo se aproxima, aos olhos humanos.

Como controlar isso?

Da mesma maneira que o papel, para que a prova de cor seja fiel, teríamos que usar a mesma tinta e ainda assim, de um mesmo lote. Tanto para prova quanto para a produção do material. E isso normalmente não é possível.

Variável  - Tabela PANTONE©:

Definitivamente é um mito, acretitar que a tabela PANTONE© é absoluta e infalível e que a gráfica tem obrigação de reproduzir com extrema fidelidade.

A verdade é: por mais que as tabelas PANTONE© originais, sejam impressas sob condições controladas e o mais próximo possível de uma situação ideal, há diferenças de tons entre cores de tabelas, impressas em lotes diferentes. Isso é visível. Principalmente nos tons de azul escuro que puxam ao verde. Caso o leitor tenha a possibilidade de comparar duas tabelas em mãos, com o mesmo tipo (coated com coated), poderá ver essas diferenças.

Portanto a Tabela PANTONE©, não é absoluta. Ela é um parâmetro que não pode ser desprezado, mas para um observador mais atento, fica evidente que não é possível exigir fidelidade absoluta, com tabelas PANTONE©.

É comum o cliente usar uma tabela PANTONE©, escolher uma determinada cor, solicitar o trabalho à gráfica e depois se queixar da cor resultante em um trabalho. Pior quando o cliente escolhe a cor PANTONE©, no monitor de seu computador, chega a ser cômico. Mas como o cliente é o REI, o prejuízo normalmente fica para a gráfica.

Como já dito, a cor e o brilho do papel, alteram o resultado das cores. Mesmo desprezando esse fato e imprimindo com uma tinta PANTONE©, formulada em um laboratório, uma leve diferença será com certeza verificada no impresso, em comparação a qualquer tabela PANTONE©,  mas isso não pode ser caracterizado como um defeito.

Tintas formuladas com as tabelas PANTONE©, dependendo de suas bases, dependendo dos instrumentos utilizados para realizar a mistura e em que condições essa preparação foi realizada, poderá resultar em cores sensivelmente diferentes.

Nem sempre uma mesma formulação, resultará em cores exatamente iguais.  Os fatores que podem influenciar no resultado de uma formulação PANTONE©, usando as famosas "formula guide", novamente são muitas.

Variável - Monitor x Prova de cor x Offset:









Monitor, impressora de prova e impressora off-set. São coisas diferentes. - (Fig.2)

O Monitor de vídeo, usa o padrão de cores RGB, ou seja, combina entre vermelho, verde e azul, para obter todas as cores, desde o preto até o branco. Além disso, ele emite e refrate a luz.

As impressoras de prova, normalmente usam de seis a oito cores como bases, para formar as demais. Seu sistema de impressão pode ter precisão de µ (microns), a cor do impresso é perceptível apenas por refração, pois o papel não gera luz (pelo menos até hoje....).

Já na impressão Off-set, as imagens “coloridas” são formadas normalmente pelo padrão CMYK, ou seja quatro cores básicas. Através da sobreposição de pontos de retícula, é feita a ILUSÃO para que o olho humano perceba as cores e as imagens. As cores e imagens são formadas por pontos de grande dimensão, se comparados com a escala de µ (microns). CMYK, indica que foram usadas as cores: ciano, magenta, amarelo e preto.

Como coisas tão diferentes poderiam resultar em cores exatamente iguais ? Não podem !

Mas com um pouco de investimento e conhecimento, elas podem se aproximar, onde um sistema irá simular o outro. Funciona assim: A impressora de prova, vai tentar simular a off-set e o monitor vai tentar simular a prova. Nunca o contrário. Uma calibração diferente para cada máquina impressora off-set.

A impressora de provas e o monitor, tentam "imitar" a impressora off-set. Nunca o contrário...

Faça o teste: Altere o brilho e a saturação de seu monitor. As cores mudaram ! Assim não há como o cliente verificar cores em seu monitor e depois comparar com um impresso. As cores do monitor não são as mesmas que servirão de parâmetro para a impressão em gráfica.

Para que esse sistema possa simular as mesmas cores, é preciso que ele seja linearizado, ou seja, para que as cores sejam muito próximas, entre monitor, prova e impressão, deve haver uma calibração do sistema. Com o sistema calibrado, o nosso instrumento de medição, que conhecemos por "olho" não irá perceber as diferença que existem.

Portanto a base real das cores é a off-set e não o monitor ou uma prova feita sem critérios de calibração.

Variável - luz de análise:

Um outro importante fator para diferenças em cores é a luz de análise. Observar cores sob fontes de luzes diferentes, resultam cores diferentes. Vamos exemplificar luzes diferentes como: Luz natural (sol), Luz fluorescente tubolar, luz incandescente, luz eletrônica amarela, vapor metálico, vapor de sódio. Cada um desses tipos de fontes de luz, emite luz de comprimentos diferentes, portanto veremos cores ligeiramente diferentes.

Existe a luz mais adequada para cada aplicação, inclusive a mais apropriada para analise de cores.

Variável - Secagem e oxidação das tintas:

Um impresso não sai da off-set completamente seco. A tinta off-set leva tempo para oxidar e fixar definitivamente ao substrato (papel). Assim que a impressão é realizada existe um brilho vivo e reluzente. Uma vez que a tinta comece o processo de oxidação esse brilho sofre ligeira degradação.

Um modelo fornecido pelo cliente ou mesmo a prova, poderá não ser reproduzida com fidelidade absoluta de cores, uma vez que a cor durante a impressão (aquela que o impressor vê) sofrerá uma alteração natural durante a secagem da mesma.

Variável  - Alteração de cores por acabamento (plastificação, verniz, bopp):

O processo de plastificação com polietileno ou aplicação de Bopp é feito à quente. A alta temperatura em que esse material é fundido ao papel, somado com a cor da película, altera sensivelmente a cor do impresso.

Um vermelho vivo, se torna apagado ao aplicar BOPP fosco. Portanto o controle de cores, para impressos que irão receber qualquer tipo de cobertura não é preciso. O resultado pode ser muito diferente daquele esperado pelo cliente.

É comum os clientes, mesmo agências de propaganda,  não considerar esse fator e se surpreenderem negativamente, com o resultado do trabalho.

Conclusão:

É possível realizar provas fidedignas, mas o controle necessário seria extremamente caro e lento. Assim, tal controle é justificável somente em tiragens “milionárias” (milhões de exemplares).

Na prática, a grande maioria das gráficas realiza controles básicos, como: manter sempre o mesmo fornecedor de tintas e insumos para offset, usar perfil de cores genérico para provas, comprar sempre um bom papel de prova e usar quando o orçamento permitir, um bom papel.

Uma quantidade mínima de gráficas no Brasil, possuem instrumentos simples para medição de cores, como densitometros de tinta, e uma quantidade ainda menor, possuem integração entre o software workflow (que gerou as chapas em CTP) e às máquinas off-set, os chamados arquivos CIP e JDF.

Dessa forma, é fácil encontrar em praticamente todos os trabalhos realizados, distorções de cores. Elas não devem afetar a qualidade do produto ou prejudicar o desejo do cliente. As distorções devem ser “pequenas” e em geral não podem ser medidas facilmente.

Não é possível afirmar que o impresso ficou 10% diferente da prova.

Como foram mensurados esses 10%? Qual aparelho de medição foi utilizado? O Olho?

Por isso, dizemos apenas que há distorções. Não há como medir de maneira simples, sem instrumentação adequada em condições laboratoriais e ainda desprezar as diferenças de percepção de cores de cada pessoa.

As distorções também podem ocorrer por interferência de cores adjacentes.  A impressão off-set não é digital (jato de tinta ou tonner), ela ocorre por transferência de carga de tinta da chapa para borracha e depois da borracha para o papel, (como visto na fig. 1) esse processo ocorre em geral quatro vezes, sendo uma vez para cada cor. Deve haver, portanto um equilíbrio entre as cores.

Tons escuros influenciam nos tons claros e vice-versa. Por mais moderno que seja o equipamento de impressão offset, o sistema é o mesmo. A descarga de tinta é por transferência indireta com controles de faixas sem muita precisão (devido ao bailar dos rolos), onde a tinta é depositada ao longo da circunferência de um cilindro e não de uma única vez sobre a matriz. Por isso a interferência de cores escuras sobre os tons claros adjacentes.

A igualdade entre a prova e o impresso, tende a buscar o consenso, entre o cliente e a gráfica, entre o papel e a tinta, entre os tons do trabalho e todas as demais variáveis.

Por mais próxima que uma impressão estiver de sua prova, ainda que todas as nomas publicadas, para esse assunto, sejam cumpridas e seguidas à risca, ainda existirão diferenças!











A imagem da esquerda é a cor original.
Mas, particularmente, eu gostei mais das cores da imagem da direita. rsrsrs
Para saber mais:

http://www.abtg.org.br/index.php/br/normaliza-mainmenu-58/normas-brasileiras-em-vigor/4895-colorimetria
web site consultado em: 13/01/2010.

Figuras 1 e 2, feitas pelo autor - Foto: http://www.sxc.hu/photo/1253452.